quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Ballet pouco clássico

A mais velha andava no ballet desde os quatro anos. Entrou em Outubro do ano passado, numa Academia de Dança. Uma vez por semana, pouco tempo por aula devido à tenra idade, mensalidade baixa, instalações satisfatórias.

Nas férias, em Agosto, veio a surpresa. A professora de ballet iria sair da Academia, basicamente porque o chão da sala de aulas não era o mais adequado para a prática da modalidade (a Academia é mais orientada para danças de salão) e porque já tinha havido 'queixas' dos avaliadores aquando das provas finais.

Como estava satisfeita com a professora, lá lhe disse que queria que a minha filha continuasse a ter aulas com ela, e que iria para onde ela fosse ensinar. E assim foi. A meio de Setembro, fomos para o novo local. Esperávamos que fosse melhor, pois a professora tinha dito que o chão era melhor, as instalações também, era um Estúdio mais vocacionado para a prática de ballet e o projecto educativo também era interessante.

Só que:
1 - O estacionamento é quase impossível, visto ser uma rua sem saída e estreita, numa área central e com muitos moradores.

2 - Na entrada há escadas, por isso levar o mais novo no carrinho é difícil.

3 - As instalações, afinal, não são assim tão magníficas. Senti-me ludibriada. Aquilo é mesmo tipo estúdio. A área é pequena, não há recepção. Há uma sala de Pilates logo à entrada meio dividida, meio por dividir, e, ao fundo, fica a sala de ballet que nunca consegui ver em condições.

4 - É suposto podermos assistir à aula, segundo o que consta no regulamento, mas a professora fecha logo a porta mal entregamos a miúda. O chão, esse, para mim é igual ao outro, digo eu que não sou taqueira...

5 - O WC é pequeno e unissexo. E anda lá pelo menos um homem, no Pilates, que já dei de caras com ele à entrada do WC. Na Academia havia dois WCs.

6 - O vestiário também é único, pois claro. Pequeno, claustrofóbico mesmo, atafulhado de coisas das senhoras do Pilates e com um cheirinho que, bem, nem vou descrever. Os pais, quando levam as filhas ao ballet, ficam com a entrada condicionada no vestiário enquanto as senhoras estiverem a precisar dele.

7 - O cão! Sim, o cão-que-nem-deve-ser-bailarino-nem-nada-porque-é-demasiado-anafado-para-isso. Volta e meia, anda por lá um cão grande, muito peludo e... a cheirar a cão, principalmente quando está dentro do vestiário (já disse que o vestiário é minúsculo, o que se agrava quando está lá um cão que ocupa metade do espaço?) abafado e húmido. Às vezes está logo à entrada do estúdio. Abre-se a porta e temos de entrar por um espaço reduzido com o cão-nada-reduzido logo ali à nossa frente. Não sei de quem é, mas aproveito para perguntar: não é proibido haver animais em espaços públicos fechados? :S Eu até gosto de cães, mas nunca me passou pela cabeça dar de caras com um naquele sítio. Acho uma falta de higiene tremenda (no vestiário?!!!!).

8 - Se calhar, o bicho é daquela que eu penso ser a dona do estúdio. A que dá as aulas de Pilates. É daquelas pessoas de quem gosto de guardar distância. Tem a mania, é chata e faz-me comichão. Está sempre em cima da professora de ballet. Se a professora está a conversar com os pais sobre algum assunto, lá vem ela meter-se da conversa. Descaradamente. Deixa o que está a fazer na aula dela, e vem meter o bedelho. 'Falta de chá', é o que é. Não gosto, faz-me acelerar o coração e a respiração. Certo dia, estava a falar com a professora de ballet sobre as sapatilhas, e ela explicava-me como coser os elásticos nas mesmas. De repente, lá vem a dona, cai de pára-quedas atrás de mim, dexiando de estar com as suas alunas, e vira-se para a professora: 'Elas não coseram isso? Não sabem coser, é?', com o tom mais estúpido do mundo. E eu - que, já disse, gosto de manter distância desse tipo de pessoas e, como tal, tenho um défice de conhecimento na matéria - nem percebi logo de quem é que ela estava a falar. 'Elas' eram as mães, no caso eu, claro, mas na altura nem percebi. A professora lá lhe deu uma resposta qualquer.

9 - O meu sexto sentido não se costuma enganar muito. Põe-se logo em alerta máximo quando alguma coisa não 'cheira' bem. Pôs-se em alerta quando lá entrei pela primeira vez, quando vi a dona pela primeira vez, e em relação à atitude da professora. Sinto-a muito tensa (o meu marido, que nem costuma ligar a essas coisas, diz o mesmo que eu, acha o mesmo que eu em relação a todo este cenário). Noto diferenças no comportamento dela em relação ao que era antes. Parece haver ali muito stress, seja lá por que for. E para stressada já chego eu.

10 - O horário e o dia da semana não são dos melhores. E as alunas mais velhas (não muito mais) ainda têm um horário pior, o que significa que, a continuar lá, não sei como é que iria deitar a M. cedo por ter aulas no dia a seguir (para o ano vai entrar para a escola).

11 - A mensalidade passou quase para o dobro. É certo que não era muito alta antes, mas quase para o dobro já é uma quantia razoável. E não vemos benefícios associados a isso, pelo contrário. Podíamos continuar a fazer um esforço para pagar, mas temos de pagar em troca de alguma coisa. Não somos uma instituição de caridade. Se há alguma coisa positiva que esta crise tem trazido, é mais espírito crítico. Há que pensar se o que estamos a pagar/comprar vale o dinheiro e se precisamos mesmo. Precisar, a M. precisa, porque o ballet é recomendado pela podologista, devido ao pé raso. Mas, neste momento, não está a valer o que pagamos.

Assim sendo, e com muita pena minha, a M. deixou de frequentar as aulas de ballet. Vamos tentar encontrar outro local, mas não é fácil, acima de tudo porque estamos mais exigentes. Não queremos qualquer coisa, mas também não queremos pagar balúrdios por uma actividade infantil amadora. A M. ainda é pequena, por isso, mesmo que não retome já as aulas, poderá retomar quando for maiorzita.

8 comentários:

Carla Santos Alves disse...

Bem pelo que contaste...eu acho que nem a tinha deixado entrar!!!!
E uma ficalização a esse "estudio" por entidades competentes????É que 1 "wc" é muito pouco!!!

Bjs

Mãe das Marias disse...

Realmente esse sítio está muito aquém do básico, fizeram bem em tirá-la de lá... hão-de encontrar uma coisa melhor ;)

Beijos***

Mamã Pirata disse...

Ao ler-te pensava"eu tirava-a de lá"...e vejo que já o fizeste.
Agora cm calma arranjam outro sitio de certeza.

Bjs á M.

Ana Paula disse...

Posso só perguntar de que zona és?

Eu fazia o mesmo que tu fizeste: tirava de lá a minha filha. A pagar que seja por uma coisa que se veja resultados.

Flor de Leite disse...

Carla Isabel: Pois, eu também acho que aquilo devia ser fiscalizado, mas não me vou chatear com isso que já tenho preocupações que cheguem.:S Não estou bem, mudo-me. ;)

Ana Paula: Do norte. :)

Cristina disse...

Pois, assim nessas condições não vale a pena...

Cristina

CLS disse...

Pois, só exigindo melhor é que poderemos ter melhor. Se todas as miúdas começarem a abandonar as aulas, a dona-pespineta do estúdio vai ter que mudar alguma coisa, se quiser continuar a actividade.
Espero que encontres algo, se é uma actividade que ela gosta e precisa.
Beijocas

Charroque da Prrofundurra disse...

Que pena, mas apesar de tudo foi a melhor decisão. A minha filha também anda no Ballet em Setúbal. Ainda agora acbei de fazer um post sobre isso no meu blog. A mim custar-me-ia muito ter tirá-la do Ballet, mas essa condições parecem inacreditáveis!